quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

"fatalismo muçulmano"

"...Era o fatalismo muçulmano. Nada desejar e nada recear...Não se abandonar a uma esperança -nem a um desapontamento. Tudo aceitar, o que vem e o que foge , com a tranquilidade com que se acolhem as naturais mudanças de dias agrestes e de dias suaves. E, nesta placidez, deixar esse pedaço de matéria organizada que se chama o Eu, ir-se deteriorando e decompondo até reentrar e se perder no infinito Universo...
...a inutilidade de todo o esforço.
...
-Se me dissessem ...estava uma fortuna... à minha espera, para serem minhas se eu para lá corresse , eu não apressava o passo...
E ambos retardaram o passo, descendo para a Rampa...
...Com efeito, não vale a pena fazer um esforço, correr com ânsia para coisa alguma.
...
...uma esperança, outro esforço:
-Ainda o apanhamos!
-Ainda o apanhamos!

...os dois amigos romperam a correr desesperadamente pela Rampa..."

Eça de Queirós, Os Maias, Biblioteca Ulisseia de Autores Portugueses

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