segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

laissez faire laissez passer

António Barreto já foi uma homem de ideias, sociólogo, que eu admirei bastante. apenas utilizo o passado porque, ultimamente, não tenho lido nada dele.
quando lia, concordando a maior parte das vezes mas nem sempre, sempre lhe reconheci visão, inteligência, independência, ...e por isso, dou-me ao direito e à "liberdade" de publicar neste blogue um extracto que um amigo me enviou, que é pertinente e que merece destaque...

António Barreto, no Público de 6 de Janeiro de 2008

"NÃO SEI SE SÓCRATES É FASCISTA. Não me parece, mas, sinceramente, não sei. De qualquer modo, o importante não está aí. O que ele não suporta é a independência dos outros, das pessoas, das organizações, das empresas ou das instituições. Não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação. No seu ideal de vida, todos seriam submetidos ao Regime Disciplinar da Função Pública, revisto e reforçado pelo seu governo. O Primeiro-ministro José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas.
TEMOS DE RECONHECER: tão inquietante quanto esta tendência insaciável para o despotismo e a concentração de poder é a falta de reacção dos cidadãos. A passividade de tanta gente. Será anestesia? Resignação? Acordo? Só se for medo..."



Infelizmente, e não é em tom de fado, embora sem banda eu ouça a música, que o sentimento de impotência, de laissez faire laissez passer, grassa por estas bandas. será medo? -decerto nalgumas pessoas (penso que poucas...ou será muitas?; aquele medo que já se entranhou e por isso já nem se reconhece como medo); será resignação? ah, velho fado. com é possível ainda nos dias de hoje se ouvir exclamar "está se armar porque é professora" e no entanto "tudo isto é triste tudo isto existe", e, do meu ponto de vista, o pior não é a exclamação. sim as razões, as causas são importantes.
como é que se chegou aqui? serei eu uma cínica já empedernida ou uma utópica ingénua ou oscilarei? não terá sido assim, de um momento para o outro.

e onde, se é que algum dia, estivemos despertos.
-é tão difícil ser-se independente.
-vêm-se coisas em que evoluímos-mas o "essencial é invisível aos olhos" e se não o fosse será que se via alguma coisa?!
não vou dizer que estamos pior do que nos tempos dos meus pais. NÃO É VERDADE. mas nestes últimos 30 anos o que é que fizemos? além das rotundas? além da democratização do ensino...que muitos pais (e alguns filhos) julgam agora ter sido um desperdício de tempo, energia e aquilo que nos mais fala -a nós aos ainda pobres; nem sequer pobres de passar fome, embora haja ainda muita gente a passar fome, neste nosso belo país, onde também desfilam porsches-, na realidade "nua e crua" que fala a quase todos os seres humanos que tenho conhecido, o dinheiro. e que democratização de ensino é que se fez? estimulou-se o aprender a pensar, aprender a analisar a realidade, ...?
e isso não seria feito até aos 14, 15 anos?
e porque é que trabalhar nalgumas áreas é considerado "exploração infantil", mas passar-se 10 horas num estúdio a gravar, não é?
saí do tema, não foi? talvez tenha sido.
...mas com a retórica adequada e o tom certo, quem é que iria reparar?! e mais importante ainda, quem é que iria tentar mudar alguma coisa? quem é que iria mudar?
retórica barata. talvez. mas não se percam na minha retórica. olhem e vejam.

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