terça-feira, 5 de janeiro de 2010

auto-retrato

na minha cabeça estava tudo desenhado (estrangeirismo) e eu ia desenhar o meu auto-retrato. agora que estou aqui esvaiu-se tudo e como diz o meu amigo, vai sair "o que a mão quiser". -até então, ou pelo menos até algum tempo atrás era uma louca comedida. depois, intermitentemente deixo de ser comedida para o ser a tempo inteiro. podia justificar-me que era a falta de...EMPREGO. mas seria uma inverdade. também essa condição ajuda, mas quando não era isso era outra coisa qualquer. um psicólogo veria que há aqui uma disfuncionalidade qualquer de personalidade. penso que não é disfuncionalidade que lhe chamam, é outra coisa qualquer, mais inverdade.

sou dada a ficar viciada em pessoas. é terrível, sufocante, um verdadeiro vicío. depois graças a deus, às vezes passa. às vezes não passa fica em estado comatoso!!

tenho sido uma "desempregada inactiva", como eles gostam de chamar. não desisti. apenas dei um tempo. estava tão cansada, exaurida (será que esta palavra era a que a minha mão procurava?). tenho medo que este cansaço não passe nunca. este malaise do être!! penso que esse é um dos medos que estou a ultrapassar, já que amanhã vou pintar o cabelo de cor de laranja. (não era uma referência, mas aqui fica uma referência importante -http://www.imdb.com/title/tt0338013/ "I already forget how I used to feel about you"- o que faria eu sem o google? e no entanto cresci sem ele, noutro milénio.

não gosto de envelhecer. ODEIO ENVELHECER. nem sequer é (ainda) a questão das rugas ou do decaimento. ainda não é isso. nem sequer é ainda a decrepitude, a perda de fulgor, um músculo que já parece lá não estar. é já o perdermos aquelas pessoas que se foram. aquela nossa "ingenuidade", paixão. não sei se algum dia fui jovem mas sei que às vezes me sinto envelhecer. sinto que a minha mãe e o meu pai se sentem envelhecer. quem é que inventou o raio do envelhecimento. por mim, não quero envelhecer nunca. nunca ser uma velha jarreta. velha jarreta?! também só alguém muito tonto -jovem- para inventar uma expressão destas. terá sido um desse jovens.

para aquele que nunca foi meu amigo, "To conquer fear is the beginning of wisdom" -Bertrand Russel.

este era um blog só meu. só meu. e agora talvez tenha deixado de ser. porque fui eu fazer isso? (mais uma referência cinematográfrica -"alone sucks")

Não te amo, quero-te: o amor vem da alma.
E eu na alma - tenho a calma,
A calma - do jazigo.
Ai! Não te amo, não.
Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já, comigo.

Almeida Garrett(1799-1854)
Folhas Caídas, 1853 (excerto)
http://cvc.instituto-camoes.pt/literatura/garrett.htm

como eu gostava de a ouvir declamar este poema.

"i used to believe in reincarnation but that was in a past life" Paul Krassner

-pois bem, tinha eu dezassete anos e fiquei traumatizada. pensei que já o tinha ultrapassado- o trauma. mas ainda há resquícios. e nem sequer havia "cavalos" a fazerem "sombra". meteu-se-lhe na cabeça que eu era the one e vai daí resolve pôr um termo..."tu não és parva", mas tu és e eu nunca to disse. TU ÉS PARVA, PALERMA, FILHA DA MÃE. ele é teu irmão. tu é que devias ver que ele não estava bem. não eu. eu. ela. ela era uma miúda. sua filha da mãe. e ela era uma miúda. ainda é às vezes.

-conheci um rapaz no cinema. o Mica. o Mica disse que tinha 19 anos. dezanove anos. e tu quantos tens? tenho 21. (tenho quase idade para ser tua mãe). não te envelheças tanto rapariga. tenho masi dez que tu, mas nunca to direi, pois não. falámos francês. -posso dar-te um beijo. claro. e deu-me um beijo. e ali estava eu uma velha jarreta poposuda e enxuta no seu passatempo preferido. mas com uma criança. é tão engraçado ver aqueles olhares gulosos.
descobri a minha alma-companheira (qual gémea, já basta uma, não). é o rui. o rui não sabe que eu sou a sua alma-gémea, mas sou. nunca vai saber. também não é preciso. se ele soubesse, às tantas deixava de o ser. e lembrou-me e no contecto do que vinha acima do Fellini (agora pareces mesmo culta, logo tu que se calhar até só viste o amarcors e que só o viste porque fizeram uma reposição. o que seria de ti sem o cinema? e pensar que o teu primeiro filme foi aos 12, 13? e depois aos 15, 16, 17?

este auto-retrato é uma seca, aposto que o da filomena é bem mais interessante. como eu queria ser da alta burguesia!! -nobreza?, peço imensa desculpa. ainda não li a sua biografia, quando ler, certamente saberei.

o primeiro beijo. eu achp que são sempre qual é a palavra. não o teu primeiro, primeiro. esse também é exhilirating (o que é que esta palvra quererá dizer?). mas esse só tem uma primeira vez. a descoberta do primeiro beijo é sempre uma descoberta. como poderá ser algum dia, mau?
o meu,...certamente não irei contar. mas foi bom. foi mágico, como o são todos os primeiros beijos. "a kiss is still a kiss", right? -não queria acabar com esta frase... então tenho que escrever mais qualquer coisa.

"captar o indizível", that´s all folks.

PS: um dia quando ler isto sentir-me-ei envergonhada, por isso ou nunca mais leio ou talvez ocorra um novo big-bang.
é doloroso sentir o quão insignificantes somos.
ainda que nos ponham flores.
eu disse que gostava de ser cremada e lançada ao mar. talvez inspiração num qualquer filme. mais vale ser lançada num vale onde possa florescer novamente. alimentar os vermes. compostagem. mas nós somos cristãos. é verdade. e isso pelos vistos nem sequer faz parte. e depois onde nos dirigíamos para falarem connosco. onde se dirigiam os vivos para falarem com os que partiram. mas partiram para onde. se só tivessem partido, deviam mandar um postal. eu prefiro os de papel, mas podia ser até um e-mail. só para dizer, estamos bem. estamos a ver-vos. atingimos a plenitude. é melhor que no méxico a beber um mojitos. prefiro os mojitos às margaritas.

estou a ouvir aquela voz e a ver como é falsa. também eu sou falsa ás vezes. mas não tanto assim. "live and let live". i hate mean people. i hate jealousie. i hate pessoas mesquinhas. pequeninas.
-seremos todos nós mesquinhos? uns com mais glamour que outros. uns que fingem melhor. que nasceram ricos e outros pobres. unas com talento e outros com pretensões.mas todos mesquinhos. mas de certeza que uns lutam para ultrapassar essa mesquinhez. eu, às vezes, luto. luto é uma palavra homófona, homónima ou ? -nunca soube isto. mas deve ser homófona. mesmo som, sentido diferente. também sentido deve ser uma dessas palavras.

não sou divertida. às vezes tenho graça -outra dessas palavras. chega. pára aqui. e tu obedeceste-me e paraste. não falava contigo. falava comigo. não não estava ocupada a decidir se queria que ficasses ou fosses embora.
os dedos meu amor. só conheci uns dedos, tirando os meus. o teu mindinho no meu. agora tento disfarçar. apenas a ti te chamei meu amor. e eu só quero ter um meu amor. mas agora tu já não existes. vais ser sempre o meu amor mas já não és tu nem eu.

é, agora, uma louca que debita palavras porque não tem a gana de fazer o que precisa. demorei tempo a chegar à palavra gana, mas era essa que eu queria.

o meu auto-retrato. e como podemos nós algum dia fazer o nosso auto-retrato. nós, eu tenho mais do que um prisma? mas a lente nem sempre varia. "o olho do cú" se tu, tu o outro tu, leste deves lembrar-re desta expressão. não me disse muito aqueles debitador de palavras, mas na sua "lentidão" prendeu-me. revi-me talvez. a mim e à minha amiga. o bailarino. agora chega. acaba como acabar. acabou estes auto-retrato. acabou.

Sem comentários:

Enviar um comentário